I Coríntios 10.16, 17.
Introdução
- Inegavelmente a celebração da Ceia do Senhor tem um caráter memorial do sacrifício feito no Calvário. Jesus dele falou ao recomendar: “Fazei isto em memória de mim”. Também tem um caráter escatológico apontando para a volta de Jesus. Paulo menciona esse caráter ao ensinar: “todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice, anunciais a morte do Senhor até que venha”. Ainda existe um caráter doutrinário, quando as palavras de Jesus têm uma dimensão simbólica ao dizer: “isto é o meu corpo; isto é o meu sangue”. Não se trata de transubstanciação e nem de consubstanciação. Simbolicamente o pão representa o corpo e o vinho representa o sangue.
- Todavia, parece que nós nunca percebemos antes que a celebração da Ceia do Senhor também tem um caráter unificador, objetivando a união cada vez maior dos crentes uns com os outros. É nesse texto que podemos agora perceber claramente esse caráter unificador, quando Paulo a propósito de idolatria e de demonismo menciona o cálice do sangue de Cristo e o pão partido.
Desenvolvimento
- Nesta referência, ele faz menciona duas vezes a palavra comunhão e esclarece: mesmo que venhamos a ser muitos, nós devemos ser um só corpo. Comunhão é a tradução da palavra “koinonia”, que significa "um compartilhar de amizade".
1.1. Ao participarmos da Ceia e nos lembrar do que Jesus Cristo foi capaz de fazer por nós, movido pelo seu amor, mostrando realmente ser nosso amigo, o efeito dessa participação deveria ser o de também amarmos cada vez mais os irmãos, sendo cada vez mais amigos e consequentemente mais unidos.
1.2. Aplicando, o significado da palavra quer dizer:
» Compartilhar das mesmas coisas
» Ter as coisas em comum
» sentir com alguém o que o outro sente
» estar junto e participar
» estar comprometido com alguém.
1.3. A igreja é formada também para que as pessoas possam ser apreciadas, amparadas, fortalecidas, amadas, visitadas, ajudadas e integradas ao convívio de uma comunidade de amor.
- Essa união que todos nós devemos ter através da comunhão, isto é, de um “compartilhar de amizade”, foi colocada por Jesus diante de Deus, em oração (João 17.20-22). Jesus também deixou esta união como ato de obediência a ele (João 13.34). Acrescentou que é através da união que nós mostramos realmente que a ele pertencemos (13.35).
- Se nossa igreja proporcionar às pessoas uma maior comunhão com Deus, nossa igreja terá alcançado seu primeiro objetivo maior. Se nossa igreja também fizer com que as pessoas se sintam amadas, valorizadas, prestigiadas, fortalecidas, consoladas, perdoadas, motivadas, então nossa igreja terá alcançado seu segundo objetivo maior. Mais ainda: o amor aos irmãos reflete o amor a Deus, como João apóstolo veio a esclarecer anos depois: I João 3.11; 4. 20,21.
Conclusão
Um pesquisador que estuda crescimento de igrejas constatou que “há uma significativa relação entre a capacidade de a igreja demonstrar amor e seu potencial de crescimento em longo prazo. Igrejas em crescimento tem um “quociente de amor” consideravelmente mais alto do que as igrejas que se encontram estagnadas ou em declínio” (Uma Igreja de Sucesso, pág. 196).
Querendo ver uma igreja cada vez mais unida, Paulo apóstolo o associou com a celebração da Ceia. Entendeu que lembrando do que Jesus fez por nós, certamente poderíamos também fazer muito uns pelos outros, refletindo união cada vez maior.