34. Harpas Nos Salgueiros

Salmo 137.1-6

Introdução

  1. Salgueiros são plantas encontradas em várias partes do mundo, inclusive na beira de rios. É uma árvore cujos galhos tem a peculiaridade de serem muito flexíveis e podem ser trançados, semelhantes ao vime, razão porque eram e são usados para o fabrico de cestos e moveis. Também eram usados na construção de tendas por ocasião da festa dos tabernáculos (Levítico 23.40).
  2. O problema é que em vez de usarem a árvore com essas finalidades, eles a usaram para pendurarem suas harpas. Em vez de usarem as harpas para louvarem e exaltarem a Deus, como sempre fizeram, eles penduraram nos galhos da árvore porque não tinham mais vontade de cantar e louvar ao Senhor. E explicaram o motivo: estavam abatidos, infelizes, deprimidos pelo fato de terem sido deportados da cidade de Jerusalém.

 Desenvolvimento

  1. Eu admitido que passar pelo que eles passaram havia sido uma terrível experiência. Seu país fora invadido por inimigos, seu templo destruído, a cidade arrasada, as famílias desagregadas, as esposas violentadas, os filhos mortos e os que restaram foram levados cativos para uma terra estranha. Havia muita dor, sofrimento e traumas. A única coisa que conseguiam fazer era chorar copiosamente, sentados à beira do rio do lugar para aonde haviam sido levados. Narrando esta atitude, o salmista inicia seu texto: “junto aos rios de Babilônia nos assentamos e choramos”.
  2. Se não bastasse tudo o que havia acontecido e toda dor que sentiam, para agravar a situação, seus inimigos com ar zombaria e escárnio diziam a eles: “Cantai-nos um dos cânticos de Sião”. Em outras palavras, estavam dizendo: “Vocês dizem ser um povo que sempre se alegra com Deus. Então cantem agora! Mostrem que ainda tem fé em Deus, cantando e louvando mesmo no sofrimento, na dor e nas perdas”. Realmente a música sempre tivera uma importante função na adoração a Deus. Celebravam várias festas e todas elas com muitos cânticos e louvores, lembrando vitórias e mais vitórias que tinham experimentado.
  3. À luz dessa dramática situação, poderíamos encerrar esta meditação, compreendendo o lamento deles e reconhecendo que necessitavam realmente de consolação por parte do Pai Celestial.

3.1. Ocorre, todavia, que eles mesmos revelaram que estavam sendo desafiados a mostrar sua fé e confiança em Deus no meio da adversidade. Isto significa que se nós cremos em Deus e testemunhamos nossa fé quando tudo vai bem, quando o vento sopra a favor, quando a situação é favorável, então este é o tipo de fé que, infelizmente, dará lugar à murmurações e será mais cedo ou mais tarde, sendo substituída pelo ateísmo. Não só penduraremos as harpas, calaremos o violão, silenciaremos o piano, emudeceremos a voz... Também deixaremos a igreja e a vida de oração.

3.2. Por isso, sem condenar o que fizeram, pois estavam sofrendo muito, devemos, por outro lado, olhar para Paulo apóstolo, que estando na prisão, depois de ter sido açoitado, foi capaz de continuar acreditando e testemunhando através do louvor. Perto da meia-noite, ele e outros crentes “cantavam hinos a Deus”.  Os outros presos ouviram e em vez de zombar, reconheceram a resiliência deles: “Como esses crentes conseguem louvor a Deus, mesmo depois de tanto sofrimento?”.

Conclusão

Porque eu mesmo já passei por situações amargas, sei que não é fácil permanecer em atitude de louvor nessas ocasiões. Aprendi, por isso mesmo, o significado da letra do hino 278 CC para cantar nesses momentos. Em sua letra, as duas experiências estão presentes: sofrimento e louvor.  É também cantando nas horas difíceis que podemos experimentar o que se conhece como o “poder do louvor”.