164. Esquecer o Passado Ruim

Filipenses 3.13

ESQUECER O PASSADO RUIM

Introdução

  1. De acordo com o dicionário Aulete, esquecer é perder a memória, a lembrança de alguém ou de algo. Em termos românticos, algumas pessoas dizem: “Nunca esqueci o primeiro amor”. Em termos poéticos, Drummond escreveu: “Nunca me esquecerei de que no meio do caminho tinha uma pedra”. Por outro lado, não é raro alguém declarar: “Não me lembro onde deixei meus óculos”, “Apesar do meu esforço, sempre esqueço a data de aniversário de minha esposa”.
  2. Isto significa, em outras palavras, que embora uma das faculdades mentais de um indivíduo saudável seja ter sempre lembrança de fatos e de pessoas do seu passado, também é possível alguém ter esquecimentos causados por diferentes razões.

2.1. Comentando uma dessas razões, afirmou o médico Adiel Rios, mestre em psiquiatria pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp): “Quando você muda de ambiente, muda também o foco de atenção, compartimenta a memória e a lembrança se torna mais difícil" (https://www.correiobraziliense.com.br/revista-do-correio/2022/07/5021701-e-normal-esquecer-o-que-ia-fazer-entenda-a-perda-de-memoria-recente.html).

2.2. Comentando outras causas de ordem médica, a neurologista Dra. Nayara Reimer, escreveu que outras causas podem ser: estresse e ansiedade, depressão, Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, privação crônica do sono, medicamentos, além principalmente da doença conhecida como Alzheimer (https://www.neurologica.com.br/blog/5-causas-de-esquecimentos-e-lapsos-de-memoria-em-pacientes-jovens/).

Desenvolvimento

  1. Em outras palavras, salvo situações que justifiquem a perda das lembranças, o normal é as pessoas terem sempre uma boa memória. Em outras palavras, não é fácil para as pessoas seguirem essa experiência e recomendação do apóstolo Paulo, quando coloca o ato de esquecer como uma atitude que traz benefícios à saúde espiritual das pessoas e aos seus relacionamentos interpessoais, principalmente quando as memórias estão vinculadas a traumas.
  2. Nesse sentido, escrevendo em artigo, publicado pela Scielo sobre a “Arte de Esquecer”, Iván Izquierdo, Lia R. M. Bevilaqua, Martín Cammarota, depois de citarem o autor James McGaugh, da Universidade de Califórnia, em Irvine, declararam: “De fato, é necessário esquecer, ou pelo menos manter longe da evocação muitas memórias. Há muitas que nos perturbam: aquelas de medos, humilhações e maus momentos” (https://www.scielo.br/j/ea/a/5N7GQLBShWJ4ytCL5JRXv8Q/).
  3. Paulo apóstolo, no objetivo de nos persuadir a praticar a arte de esquecer, nos apresentou um dos mais importantes motivos. Ele compartilhou, a partir da sua experiência, que o esquecimento traz a possibilidade de prosseguir para o alvo. Isto é, viver o dia de hoje da melhor forma possível e ter os melhores planos para o futuro. Se uma pessoa fica presa no passado, principalmente acorrentada por traumas, ela não vive o presente e muito menos pode sonhar com o futuro. Paulo apóstolo realmente disse o que quis dizer, de acordo com a palavra original πιλανθάνομαι (epilathánomai), isto é, “esquecido, entregue ao esquecimento”.
  4. Além dessa verdade inegável, fica difícil colocar em prática a recitação do texto bíblico, que nos motiva declarando: “Novas são cada manhã e as misericórdias do Senhor são a razão de não sermos consumidos” (Lamentações 3.22). É impossível ver cada manhã como uma nova experiência a ser vivenciada como dádiva de Deus, se a pessoa fica presa ao passado, listando as dores sofridas, as perdas experimentadas, as decepções vivenciadas, os ressentimentos que abriga no coração. O que essa pessoa traz à memória em cada dia não é aquilo que lhe dá esperança (Lamentações 3.21). Se vamos lembrar alguma coisa, devemos lembrar coisas boas, agradáveis, positivas.
  5. Mais ainda, se uma pessoa desenvolve a arte de esquecer, motivada principalmente por razões espirituais, fica resolvido o difícil problema do perdão a ser dado para as pessoas que a ofenderam, magoaram, machucaram, feriram. Fica resolvido, porque se a pessoa esquece o que aconteceu, se a pessoa voluntariamente apaga de sua memória, não há mais o que perdoar. Tudo desapareceu.

Conclusão

  1. A Dra. Carol Costa, especialista em neurociência, escreveu: “Uma das principais razões pelas quais o esquecimento é importante é que ele permite que o cérebro se concentre nas informações mais relevantes. Se lembrássemos de tudo o que já aprendemos, o nosso cérebro seria sobrecarregado com informações irrelevantes e não teríamos capacidade de processar novas informações. Esquecer ajuda o cérebro a se concentrar nas informações mais importantes, permitindo assim uma aprendizagem mais eficaz” (https://pt.linkedin.com/pulse/o-poder-do-esquecimento-como-ele-pode-melhorar-sua-capacidade-costa#:~:text=Se%20lembr%C3%A1ssemos%20de%20tudo%20o,assim%20uma%20aprendizagem%20mais%20eficaz).
  2. Não tenha receio de esquecer o passado que precisa ser esquecido, principalmente aquele passado que pode atrapalhar sua vida espiritual com Deus e seus relacionamentos interpessoais no presente e no futuro. Abra mão de memórias ruins e desagradáveis, que ainda estejam presentes em sua mente. Deixa Deus fazer também este milagre em sua vida.