38. A Ira de Deus

Salmo 6.1

INTRODUÇÃO

  1. Em ocasiões quando ocorrem tragédias pessoais, familiares, grupais, regionais ou mundiais sempre existem aqueles que irão recorrer à Bíblia para associá-la à ira de Deus que estaria sendo derramada. Esta é a situação neste momento de pandemia pelo novo coronavírus, assim como em outras ocasiões trágicas de nossa história humana.
  2. Inegavelmente a Bíblia é um livro que menciona a manifestação da ira de Deus em várias ocasiões associada a tragédias. Não se estaria inventando essa associação e nem forçando textos nessa linha de interpretação. Não faltam registros bíblicos quando acontecimentos dramáticos foram associados com a manifestação da ira divina. Basta lembrar o Dilúvio, as Pragas no Egito, Fomes, Doenças e Mortes relatadas por profetas em seus livros e os acontecimentos escatológicos no livro do Apocalipse. Por isso, na interpretação do que estava lhe acontecendo, o salmista entendeu que estava sob a ira de Deus.

 DESENVOLVIMENTO

  1. O problema é lançar mão dessa associação em nossos dias para explicar espiritualmente terremotos, maremotos, pragas, pestes, fome, doenças, mortes, guerras... Esses acontecimentos já seriam consequências naturais e inevitáveis de ações humanas, alterações no planeta e fenômenos cosmológicos. Espiritualmente falando, já seriam os resultados da atitude que a humanidade teve ao escolher o pecado, o mal e o Diabo. Já seriam consequências do fato que o “mundo jaz no maligno”, de que “a ira de Deus é revelada dos céus contra toda impiedade e injustiça dos homens que suprimem a verdade pela injustiça,” e de que “quem rejeita o Filho não verá a vida, mas a ira de Deus permanece sobre ele".
  2. Em outras palavras: a ira de Deus na face da terra, na história da humanidade e no juízo final faz parte do enredo do drama que nos diz respeito e que a única forma de escapar dela seja no tempo presente, no futuro e na eternidade é através da fé em Jesus Cristo, mediante o arrependimento dos pecados, experimentando assim o que a Bíblia também revela como “graça de Deus”.
    • Se estamos no meio de uma tragédia, pela “graça de Deus” podemos ser protegidos milagrosamente.
    • Se a tragédia também nos atinge produzindo sofrimento, pela “graça de Deus” somos aliviados.
    • Se a tragédia nos leva à morte, pela “graça de Deus” somos conduzidos ao paraíso celestial, desfrutando da vida eterna.
  1. A verdade bíblica em sua dinâmica de revelação progressiva que parte do Velho e chega no Novo Testamento é que o mundo já está sob a ira de Deus em certo sentido e que sua manifestação culminante e final está descrita no Apocalipse. Não é, portanto, uma tragédia específica que manifesta essa ira... Todas as tragédias que ocorrem são resultado de a humanidade ter virado as costas para Deus e permitido que o Diabo destrua a todos quanto possa alcançar através do mal.

 CONCLUSÃO

    Como estratégia evangelística, qualquer situação dramática que atinja pessoas, famílias, grupos, cidades e países pode ser usada para comunicar que Deus também está oferecendo sua “graça” em Cristo Jesus para ajudar as pessoas, seja protegendo, seja confortando, seja salvando. A dor, o sofrimento, o medo, a angústia, a tristeza que pessoas experimentam nessas ocasiões tem a possibilidade de torná-las sensíveis ao evangelho de Jesus Cristo, conforme tem ocorrido ao logo dos tempos e em muitos lugares.

    O que não devemos é amedrontar as pessoas ainda mais, associando uma específica tragédia com a ira de Deus, imaginando que assim elas compreenderão que estão sendo punidas em razão de pecados cometidos. Esse “terrorismo” espiritual não leva naturalmente pessoas a Jesus Cristo. Pelo contrário: resulta em sofrimento ainda maior produzido pela consciência pesada e pelas acusações diabólicas.

    De acordo com a “revelação progressiva”, o mundo já está sob a “ira de Deus” e as pessoas devem ser convidadas a experimentar a “graça de Deus” através da fé em Jesus Cristo mediante o arrependimento dos pecados, para que sejam protegidas ou confortadas ou terem a vida eterna, indo ao paraíso se morrerem.