126. Sobre Nossa Sexualidade

Cântico dos Cânticos 3.1-4

SOBRE NOSSA SEXUALIDADE

Introdução

  1. O Livro de Cântico dos Cânticos ou Cantares tem sido aberto pelos crentes que manuseiam a Bíblia em busca de temas românticos e sexuais, mesmo que o livro faça uso de linguagem simbólica e com eufemismo, principalmente ao abordar esses temas. É o caso, por exemplo, desse texto que reproduz, num ambiente hebraico, tanto o romantismo quanto a sexualidade de um casal com bastante simbolismo.
  2. Isto nos faz lembrar que a maneira como as pessoas lidam com sua sexualidade tem variado de acordo as épocas.

2.1. No mundo judaico, em razão da sua influência religiosa desde os primórdios, uma visão idealizada prevaleceu, assim como a repressão dos impulsos, razão por que apenas dentro do casamento o sexo poderia ser praticado.

2.2. No mundo greco-romano, por outro lado, havia uma certa liberação da sexualidade, visível nas artes, literatura, achados arqueológicos (artefatos, pinturas e estátuas eróticas). A prática sexual livre acabou formando a imaginação popular de um mundo de libertinagem e abuso sexual.

2.3. Através da expansão do cristianismo e das suas normas, baseadas nos ensinos judaicos e cristãos, passou a prevalecer o controle da sexualidade, assim com a condenação de várias práticas que se tornaram pecaminosas, até o século XIX. A pureza moral, a castidade, a fidelidade matrimonial, a santidade espiritual passaram a ser o estilo de vida da cultura ocidental.

2.4. Essa situação começou a mudar a partir do século XIX, principalmente em virtude dos estudos e da influência de Sigmund Freud, pai da Psicanálise. Ele levantou a argumentação de que o controle cristão da sexualidade estava sendo acompanhado pela repressão social, o que estaria gerando doenças psicológicas e psiquiátricas, sendo a histeria feminina a mais famosa. Gradativa e crescentemente seus discípulos seguiram na mesma linha de pensamento, dando lugar ao mundo contemporâneo em que prevalecem o discurso, a prática e a regulamentação da liberação sexual.

Desenvolvimento

  1. Toda a forma de comportamento considerada pecaminosa aos olhos da tradição judaico-cristã e que foi objeto de controle e também de repressão durante séculos, tais como prostituição, lesbianismo, homossexualismo, pedofilia, poligamia, casos extraconjugais, zoofilia, hoje em dia encontra defensores que se organizaram em frentes de protestos e alterações na legislação.

1.1. A sigla LGBTQIA+ defende os interesses de todos aqueles que afirmam ter o direito de fazer a opção que desejarem quanto às práticas sexuais, identidade de gênero, tipos alternativos de relacionamentos, etc. Defende as pessoas que fazem essas opções da violência praticada contra elas em vários momentos e em muitos lugares.

1.2. Além de defender direitos dos que abraçam a diversidade afetiva, homossexual e de gênero, a sigla LGBTQIA+ passou também a exercer influência no legislativo, no executivo, no judiciário, nas faculdades, nas escolas, nas mídias sociais e nos meios de comunicação para que esse estilo de vida não apenas seja aceito, mas também seja determinante de novos rumos na sociedade.

  1. Cristãos, cujos valores e princípios cristãos ofereceram resistência ao longo dos tempos, responsabilizados por serem a causa da repressão e dos consequentes quadros de doenças psiquiátricas e psicológicas, além da rejeição transformada em violências pontuais, estão vendo mudanças diante principalmente das alterações na legislação. O efeito é visível de imediato no surgimento de igrejas alternativas para essas pessoas e respectivos líderes religiosos que se identificaram, com suas pregações e mensagens permissivas.
  2. O resultado de todo esse embate a propósito de nossa sexualidade é um clima de tensão entre a igreja tradicional cristã, as novas igrejas liberais e o peso da legislação que vai ao ponto de criminalizar atitudes, palavras, pregações, posturas. No meio de clima de tensão estão seres humanos sem saber exatamente qual a direção seguir, como se a verdade divina, os valores espirituais e a eternidade pudessem ser relativizadas.

Conclusão

Realmente a leitura do livro de Cantares ajuda a lidar com os assuntos românicos e com a sexualidade, mas a resposta final continua sendo os textos escritos no Novo Testamento, principalmente porque foram escritos para pessoas que viviam sob a influência liberal do mundo greco-romano. Se o liberalismo e a libertinagem estão voltando através da sigla LGBTQIA+ também precisamos da volta dos princípios e valores cristãos que foram ensinados pelos apóstolos de Jesus Cristo, por mais radicais que sejam, quer através do controle pessoal, quer através da repressão social e legal.