Atos 2.42
UMA IGREJA APOSTÓLICA
Introdução
- No significado estrito da palavra, uma igreja apostólica do primeiro século era uma igreja edificada na doutrina dos apóstolos. Esta credencial pretendia distinguir essa igreja de outras igrejas cujas doutrinas não teriam origem nos apóstolos de Jesus Cristo ou teriam origem em outros doutrinadores que seriam “falsos apóstolos” ou ainda teriam origem em quaisquer outros doutrinadores tidos como heréticos.
- Uma vez que os apóstolos de Jesus Cristo só viveram no primeiro século, várias igrejas quiseram continuar tendo essa credencial dando a si mesmas o nome de “Igreja Apostólica”. Uma das primeiras a fazer isto foi a igreja em Roma, identificada como “Igreja Católica Apostólica Romana”. Outra que seguiu o mesmo caminho foi a “Igreja Apostólica Armênia”. Nesse rastro, ao longo dos tempos e na atualidade apareceram: “Igreja da Fé Apostólica”, “Igreja Nova Apostólica”, “Igreja Evangélica Apostólica das Águas Vivas”, “Igreja Apostólica Ministério Resgate”, “Igreja Apostólica Ministério Comunidade Cristã”, “Igreja Apostólica do Avivamento”, “Igreja Apostólica Renascer em Cristo”, “Igreja Apostólica Cristã”.
- Outro recurso que passou a ser usado para dar às igrejas esta credencial foi a de nomear seus líderes como “apóstolos”. Se antes os líderes eram conhecidos como “presbíteros, bispos, pastores, evangelistas”, várias igrejas neopentecostais entenderam que chamar seus líderes de “apóstolos” daria ao ensino deles a legitimidade que o Novo Testamento exige. Adotando essa prática em nossos dias, existem várias igrejas: “Igreja Renascer”, “Igreja Mundial do Poder de Deus”, “Igreja Bola de Neve”, “Igreja Ministério Internacional da Restauração”. Seus líderes são chamados de “apóstolos”.
Desenvolvimento
- Independentemente do nome que uma igreja tenha na fachada do seu templo ou do nome que seu líder espiritual receba, o que torna uma igreja realmente apostólica é ter a mesma atitude das igrejas do primeiro século, isto é, “perseverar na doutrina dos apóstolos”.
1.1. Essa doutrina dos apóstolos não está em documentos religiosos que tenham sido emitidos ao longo dos séculos, não está na quantidade cada vez maior de livros teológicos que são publicados, não está em determinações que são deliberadas em assembleias de membros, não está na fala pura e simples de um pregador por mais famoso que ele seja. A doutrina dos apóstolos está nas páginas do Novo Testamento, sejam os quatro evangelhos e o livro de Atos, sejam as epístolas e o Apocalipse. A igreja de Filadélfia se destacou das demais igrejas na Ásia, nas palavras de Jesus Cristo, por duas atitudes: “Tendo pouca força, guardaste a minha palavra e não negaste o meu nome” (Apocalipse 3.8).
1.2. Essa doutrina dos apóstolos que zela pelos ensinos de Jesus Cristo e de seu nome, que está nas páginas do Novo Testamento, precisa permanecer com os ensinos fundamentais de uma igreja cristã que pretenda ser apostólica. Permanecer significa resistir à influência de outras doutrinas que apareçam, por mais atraentes que sejam e por mais criativas que pareçam. Permanecer assim é a mesma coisa que perseverar. Por isso, Jesus Cristo disse: “Aquele que perseverar até o fim será salvo” (Mateus 24.13).
- Zelando por essa fidelidade aos ensinos de Jesus Cristo e ao seu nome, as primeiras igrejas experimentaram um crescimento até hoje invejável. Além dos batismos de 3 mil e depois de 5 mil pessoas, o historiador Lucas escreveu: “De sorte que as igrejas eram confirmadas na fé, e cada dia cresciam em número” (Atos 16:5), “Assim, pois, as igrejas em toda a Judéia, e Galileia e Samaria tinham paz, e eram edificadas; e se multiplicavam” (Atos 9:31).
2.1. Isto significa que as igrejas em nossos dias não precisam baratear ou diminuir as exigências bíblicas para que possam experimentar crescimento. O importante não é ter um templo cheio de pessoas convencidas que não foram convertidas, pessoas que apenas buscam bênçãos sem pagar o preço da salvação eterna. Se as igrejas perseveram na doutrina dos apóstolos, que está no Novo Testamento, “Deus vai acrescentar à igreja aqueles que serão salvos” (Atos 2.47).
2.1. Isto significa que as igrejas em nossos dias não precisam lançar mão de recursos, técnicas e estratégias em detrimento do poder espiritual de testemunhar, com base na unção do Espírito de Deus. Nenhum modelo atual de igreja vai explicar um crescimento numérico de sua membresia sem o testemunho espiritual dos seus membros junto aos familiares, parentes, amigos, vizinhos, conhecidos, conforme já comprovaram as pesquisas realizadas.
Conclusão
O desafio das primeiras igrejas continua sendo o desafio das igrejas cristãs atuais. Perseverando na doutrina dos apóstolos, as igrejas atuais evitarão as heresias, o sincretismo religioso, os ensinos pagãos, as novidades que seduzem. O apóstolo João, ao final dos seus dias, deixou uma recomendação que permanece até hoje: “Olhai por vós mesmos, para que não percamos o que temos ganho, antes recebamos o inteiro galardão. Todo aquele que prevarica, e não persevera na doutrina de Cristo, não tem a Deus. Quem persevera na doutrina de Cristo, esse tem tanto ao Pai como ao Filho” (II João 1:8,9).