112. Os Momentos de Ira

João 2.14-17

OS MOMENTOS DE IRA

Introdução

  1. Por mais que Jesus se apresentasse como manso e humilde de coração durante a maior parte do seu ministério, principalmente quando se dirigia à multidão e aos seus seguidores, também não faltaram momentos quando ele manifestou sua ira diante dos seus inumeráveis oponentes.
  2. Um desses momentos foi quando entrou no templo de Jerusalém e viu o que inacreditavelmente acontecia. Outra não foi sua reação senão expressar muita ira, a ponto de derrubar as mesas e cadeiras dos mercadores da religião. Espalhou o dinheiro pelo chão e expulsou a todos do templo. Era uma situação que ele não podia tolerar.

Desenvolvimento

  1. Mesmo não sendo crente, Rui Barbosa teve compreensão muito clara a respeito desse momento vivido por Jesus, a ponto de a ele se referir em um discurso dirigido a formandos da Faculdade de Direito de São Paulo, em 1921. A certa altura do seu discurso, ele disse: “Nem toda ira, pois, é maldade; porque a ira, se, as mais das vezes, rebenta agressiva e daninha, muitas outras, oportuna e necessária, constitui o específico da cura... Dela esfuzilam centelhas, em que se abrasa, por vezes, o apóstolo, o sacerdote, o pai, o amigo, o orador, o magistrado. Essas faúlhas da substância divina atravessam o púlpito, a cátedra, a tribuna, o rostro28, a imprensa, quando se debatem, ante o país, ou o mundo, as grandes causas humanas, as grandes causas nacionais, as grandes causas populares, as grandes causas sociais, as grandes causas da consciência religiosa... Quem, senão ela, há de expulsar do templo o renegado, o blasfemo, o profanador, o simoníaco? quem, senão ela, exterminar da ciência o apedeuta, o plagiário, o charlatão? quem, senão ela, banir da sociedade o imoral, o corruptor, o libertino? quem, senão ela, varrer dos serviços do Estado o prevaricador, o concussionário e o ladrão público? quem, senão ela, precipitar do governo o negocismo, a prostituição política, ou a tirania?” (https://www.migalhas.com.br/arquivos/2021/3/67EAFA6D4D04FB_Oracao-aos-Mocos.pdf).
  2. Esses momentos de ira vividos por Jesus Cristo também foram registrados na história de Moisés. Diante das atitudes de Coré, Datão e Abirão que se opuseram à sua liderança, questionando sua autoridade espiritual, outra não foi também a reação de Moisés: Números 16.15
  3. Uma vez que a chamada “ira santa” pode também se fazer presente em nosso coração diante de acontecimentos, situações e atitudes que nos decepcionam e frustram, a recomendação que os apóstolos fizeram aos crentes em Jesus Cristo foi que saibamos lidar com ela com controle.

3.1. Tiago, em sua carta, recomendou que seja a última reação diante das expectativas não realizadas: Tiago 1.19. O problema não está, portanto, na ira, porém em não evitá-la o quanto for possível.

3.2. Paulo apóstolo que também experimentou indignação, recomendou que ela não se estenda e nem instrumentalize qualquer tipo de pecado: Efésios 4.26. O problema, portanto, não está na ira, porém em se tornar um estilo de vida que permaneça.

Conclusão

  1. Eu mesmo, nas várias ocasiões em que percebi a chagada do sentimento de ira em meu coração, fui lembrado pelo Espírito de Deus a respeito do texto de Tiago, quando argumentou a respeito de seus efeitos. Ele escreveu> “Porque a ira do homem não produz a justiça de Deus” (Tiago 1.20).
  2. Por mais que Jesus tenha se irado contra os cambistas do templo, Moisés tenha se irado contra Datã, Coré e Abirão e nós estejamos sujeitos a ficar irados em determinados momentos, a melhor escolha é aquela ensinada por Jesus e que foi repetida por Paulo apóstolo. Jesus disse: “Aprendei de mim que sou manso e humilde de espírito”. Paulo escreveu: “E ao servo do Senhor não convém contender, mas, sim, ser manso para com todos, apto para ensinar, sofredor” (II Timóteo 2.24).