FORMATURA EM PEDAGOGIA – Pedagogia da Fase, Afonso Cláudio, 2005.
"O PROFESSOR QUE NÃO SABIA TUDO"
Introdução
- Vem da minha época de infância escolar esta ideia de que os professores são aqueles que tem todo o conhecimento disponível, principalmente porque naquela ocasião, muitos deles ministravam diferentes disciplinas em sala de aula.
- Mais recentemente, foi feita uma publicação de um folhetim de cordel em que o título traz exatamente essa ideia: “O Professor Sabe Tudo e as respostas de João Grilo”. Nele, mestre e aluno vão transmitindo perguntas e respostas sobre as mais diferentes questões, numa reconhecida ferramenta de alfabetização.
- Pensando especificamente em Nicodemos, mestre que se encontrou com Jesus Cristo numa noite específica, acredito que ele soubesse também várias disciplinas da época. Acredito que, se vivesse em nossos dias, ele acumularia conhecimentos sobre Astronomia, Biologia, Sociologia, Psicologia, Química, Física, História...
- Havia, porém, uma disciplina que ele revelou não ter conhecimento necessário para atender suas necessidades intelectuais, sentimentais e espirituais. Ele desconhecia o que hoje se conhece como Soteriologia, isto, o estudo que trata da salvação do espírito após a morte.
Desenvolvimento
- Ele não sabia mesmo sendo religioso. Sua identificação mostra que ele era fariseu, isto é, pertencia a uma seita do Judaísmo. Era naquela ocasião um grupo religioso que se esmerava em saber o máximo que fosse possível a respeito de Deus e de sua vontade para os seres humanos. Mesmo sendo dedicados ao estudo da Bíblia da época, ele não sabia como poderia experimentar a salvação eterna, razão foi ao encontro de Jesus com sua principal indagação. Esse fato me faz pensar nas pessoas religiosas de nossos dias que mesmo lendo a Bíblia, mesmo indo aos templos, mesmo praticando os rituais, também não conseguem experimentar a certeza da salvação de sua alma.
- Ele não sabia mesmo sendo reconhecidamente um intelectual. Ao dizer que ele era “Mestre”, Jesus estava reconhecendo sua bagagem cultura. Em outras palavras, era um professor em torno do qual vários alunos se reuniam para aprender. Também o relato informa que era tido como “principal”, isto é, pessoa qualificada com posição de liderança política entre os seus pares no Sinédrio, uma assembleia constituída pela corte e pelo legislativo, uma espécie de Congresso em nossa época. Essa situação me faz pensar em quantos intelectuais e líderes políticos de nosso tempo também não conseguem compreender assuntos espirituais, muitas vezes enveredando pela idolatria, pela feitiçaria, pelo ateísmo, razão porque realmente morrem sem salvação.
- Ele não sabia mesmo que se esforçasse racionalmente para compreender. Acostumado a ter uma mente lógico-racional e limitado a um reducionismo biológico para entender a vida, não conseguiu entender o que Jesus queria dizer com “novo nascimento”. Fez uma analogia sobre como uma pessoa poderia nascer novamente tendo que voltar ao ventre materno, numa nova fecundação. Jesus precisou explicar ainda mais, esclarecendo aspectos espirituais e simbólicos da experiência referida. O novo nascimento é o ato do Espírito de Deus passar a se fazer presente no corpo da pessoa através da conversão e é visível quando a pessoa se submete ao batismo por imersão nas águas. A conversão é resultado de a pessoa crer em Jesus Cristo, mediante o arrependimento dos pecados e começando uma nova maneira de viver.
Conclusão
- Embora ele tivesse ido embora do encontro com Jesus sem revelar que havia se tornado crente, mais tarde, em duas ocasiões ele mostrou que passara a crer em Jesus. Um momento foi quando tomou a defesa de Jesus numa cena de acusação (João 7.50-55). Outra foi quando após a crucificação foi até Pilatos e pediu o corpo de Jesus para sepultar no jardim.
- Eu os parabenizo pela formatura em Pedagogia, porque se empenharam e conseguiram adquirir conhecimento nessa relevante ciência, adquirindo competência para se tornarem professores de milhares de alunos. Todavia, também quero motivá-los a se interessar pela vida espiritual e pela vida eterna, mesmo que não seja para ensinar em sala de aula. Quero motivá-los para que possam garantir a própria salvação eterna, compartilhando com outras pessoas interessadas em outros ambientes onde puderem.