João 20.24-28
DIVINDADE PROCLAMADA
Introdução
- Se nós estivéssemos na índia, por causa do politeísmo presente na religiosidade desse país, ouviríamos milhões de hinduístas dizendo que seus gurus são deuses. Da mesma maneira, se estivéssemos no Japão de antes da Segunda Guerra Mundial, ouviríamos milhares de japoneses declarando que seu imperador era deus. Igualmente, se estivéssemos na Roma antiga, ouviríamos centenas de romanos afirmando que César, após a sua morte, era deus, inclusive com o consentimento do senado da época.
- Ocorre, todavia, que isto jamais aconteceria entre os judeus, pois os mesmos eram monoteístas radicais, assim como o são até hoje. No judaísmo existia e existe apenas um Deus, Criador de todas as coisas. Um judeu escreveu: “Foi ensinado aos judeus, desde os tempos de nosso pai Abraão, no Sinai e pelos nossos profetas e mestres, que há um só e apenas um Deus. O máximo que alguém diria de Jesus foi o que disse um eminente judeu: Todo judeu devia se orgulhar de Jesus ser nosso irmão, carne de nossa carne e sangue de nosso sangue. Desejamos recolocá-lo no lugar que lhe pertence” (Chaim Zhuthowsky. In Jacob Gartenhaus. Para o Que era Seu. São Paulo, IBR, 1969, pg. 139).
Desenvolvimento
- Ocorreu, todavia, que tendo vivido três anos com Jesus Cristo, ouvido seus ensinos e visto seus milagres, inclusive sua ressurreição dentre os mortos, após a sua crucificação e sepultamento, Tomé não teve outra alternativa senão admitir e proclamar que Jesus Cristo era Deus entre nós. Tomé lhe disse: “Senhor meu e Deus meu”. Se até então havia alguma resistência ou qualquer dúvida, principalmente porque era judeu, naquele momento, rendido aos pés de Jesus Cristo, ele reconheceu e proclamou sua divindade.
- Tomé, também conhecido em grego como Dídimo (Didymus), foi um dos doze apóstolos judeus escolhidos por Jesus Cristo. No Novo Testamento, ele aparece quando Jesus diz que vai a Jerusalém para ser preso e morto e Tomé conclama os discípulos a irem junto, mesmo para essa finalidade: “Vamos nós também, para morrermos com ele” (João 11.16). Durante a celebração da Ceia, Tomé diz que não sabe o caminho para onde Jesus dizia que estava indo, razão por que Jesus diz ser ele mesmo o caminho, a verdade e a vida: “Disse-lhe Tomé: Senhor, nós não sabemos para onde vais; e como podemos saber o caminho? Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim” (João 14.5,6). Embora apenas essas poucas informações existam na Bíblia a seu respeito, diz a tradição que ele se tornou missionário na Índia, onde pregou o evangelho e foi morto por martírio, transpassado por lanças empunhadas por hindus. Segundo a tradição, os portugueses que chegaram à Índia, no século XVI, na região de Malabar, disseram ter descoberto sua cripta, suas relíquias e, inclusive, um pedaço de uma das lanças com as quais fora morto (https://pt.wikipedia.org/wiki/Tom%C3%A9,_o_Ap%C3%B3stolo).
- À semelhança de Tomé, os outros apóstolos também judeus foram unânimes em proclamar a divindade de Jesus Cristo. Depois de andar sobre as águas e de levantar Pedro, que havia afundado, os doze apóstolos exclamaram juntos: “Então os que estavam no barco o adoraram, dizendo: "Verdadeiramente tu és o Filho de Deus” (Mateus 14.33). João, apóstolo judeu, começou seu evangelho com a seguinte proclamação: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai. (João 1.1,14). Na sua carta, deixou escrito: “E sabemos que já o Filho de Deus é vindo, e nos deu entendimento para que conheçamos ao Verdadeiro; e no que é verdadeiro estamos, isto é, em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna” (I João 5.20). Pedro, apóstolo judeu também, começa sua carta fazendo essa proclamação: “Simão Pedro, servo e apóstolo de Jesus Cristo, aos que conosco obtiveram fé igualmente preciosa na justiça do nosso Deus e Salvador Jesus Cristo” (II Pedro 1.1). Paulo, apóstolo judeu, vai ao clímax com suas declarações: “Dos quais são os pais e dos quais é Cristo segundo a carne, o qual é sobre todos, Deus bendito eternamente. Amém” (Romanos 9.5).“Aguardando a bendita esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus”(Tito 2.13).
Conclusão
Sendo judeus, os apóstolos venceram barreiras, experimentaram rejeição, enfrentaram oposição, padeceram perseguição e superaram as próprias dúvidas e crenças, pois não conseguiam mais deixar de acreditar e proclamar: Jesus é Deus!
Tomé, especificamente, ouviu uma palavra que também é dirigida a nós outros e nos desafia a termos a mesma atitude: “Porque me viste, Tomé, creste? Bem aventurados os que não viram e creram”. Esse é o nosso desafio hoje: acreditar que Jesus era Deus entre nós, razão por que tem poder para nos perdoar e salvar.