166. Doutrina da Eleição

Efésios 1.4; II Tessalonicenses 2.13

DOUTRINA DA ELEIÇÃO

Introdução

  1. Por mais que os procedimentos políticos eleitorais que ocorrem de dois em dois anos sejam importantes na vida dos cidadãos brasileiros, a doutrina espiritual da eleição é muito mais importante, porque trata do que vai acontecer com pessoas na eternidade.
  2. As expressões originais no Novo Testamento (ekéglomai e hairéomai), também traduzidas por “escolher”, significam selecionar entre muitos. Daí o uso do verbo “eleger” para descrever a atitude de Deus em nos escolher para a salvação eterna.

Desenvolvimento

  1. O mais importante teólogo evangélico de todos os tempos, Augusto Strong, em seu Compêndio de Teologia Sistemática, escreveu: “A eleição é aquele eterno ato de Deus, do seu soberano prazer e devido a nenhum mérito previsto neles, Ele escolhe alguns dentre o número de homens pecadores, para serem o recipiente da graça especial do seu Espírito e feitos participantes da salvação de Cristo” (Strong, A.H. Systematic Theology, pg. 427).

1.1. O esclarecimento, portanto, é de que nossa salvação eterna nada tem a haver com qualquer mérito, virtude ou qualidade nossa, por mais que alguém se esforce para ser o melhor possível.

1.2. Nossa salvação eterna, portanto, foi um ato soberano de Deus motivado por seu amor por nós, que se expressou em sua graça, tendo como base o sacrifício substitutivo de Jesus Cristo na cruz do Calvário.

  1. Com essa interpretação, podemos compreender porque a doutrina bíblica da eleição é diferente da mesma doutrina calvinista. Quando ensina sobre eleição, o Calvinismo afirma que Deus determinou salvar alguns e condenar outros, unicamente com base em sua soberania absoluta.

2.1. A doutrina da eleição calvinista, portanto, ignora que segundo a revelação bíblica “todos já estavam condenados”, pois “todos são pecadores” e “todos já estavam debaixo da ira de Deus” (João 3.36; Romanos 3.10-19, 23).

2.2. A doutrina da eleição calvinista ignora a atitude de Deus em oferecer aos seres humanos pecadores e condenados a decisão de se arrependerem de seus pecados e crerem em Jesus para serem salvo (João 3.16; Marcos 16.15,16).

  1. A doutrina bíblica da eleição ou da escolha de Deus em favor de algumas pessoas está vinculada à doutrina bíblica da pré ciência ou pré conhecimento, cuja palavra original (prognóstiko) significa ter conhecimento de antemão, prévio, anterior (Romanos 8.29,30; I Pedro 1.2).

3.1. Esses fatos aconteceram “antes da fundação do mundo”, isto é, antes de cada pessoa nascer e decidir ser crente, Deus viu antecipadamente essa decisão de várias pessoas e, em ato simultâneo, nos elegeu ou predestinou, selando com seu poder e soberania a nossa atitude.

3.2. Significa também que a vinda de Jesus Cristo a este mundo e sua morte na cruz do Calvário não foi um efeito colateral do pecado humano. Não foi um plano B para a redenção de pessoas. Deus já sabia antecipadamente tudo o que iria acontecer no Jardim do Eden.

  1. W.T. Conner, outro teólogo importante, autor do livro Doutrina Cristã Sistemática, escreveu: “A doutrina da eleição quer dizer que Deus salva através das etapas de um propósito eterno. Isto inclui todas as influências do Evangelho, a obra do Espírito e assim por diante, que guiam o homem a arrepender-se de seus pecados e aceitar a Cristo. Tanto quanto a liberdade do homem está em jogo, a doutrina da eleição não quer dizer que Deus decreta salvar um homem independentemente de sua vontade. Antes, significa que Deus propõe guiar um homem numa tal direção, que ele aceitará livremente o evangelho e será salvo”.

Conclusão

A minha, a sua, a nossa eleição foi deliberada na eternidade, tendo como base o sacrifício de Jesus na cruz do Calvário e estava associada com o conhecimento prévio de Deus de que nós iríamos decidir nos tornar crentes, mediante o arrependimento dos pecados. Para cumprir esse propósito Deus estabeleceu a pregação do evangelho para que nós, pecadores condenados, pudéssemos dizer “sim” para Jesus Cristo.